Reportagens

Recuperação ambiental no Brasil e no mundo

As notícias de devastação ambiental, desastres e desmatamento têm dominado a mídia e, pensando nisso, torna-se viável divulgar também as boas notícias. Em meio aos incêndios no Pantanal e às recentes queimadas em outros biomas brasileiros, esta matéria tem o intuito de mostrar que ainda há esperança para a preservação do meio ambiente e que existem projetos de recuperação ambiental concluídos com sucesso ao redor do mundo.

Começando em solo nacional, o Parque Villa-Lobos, em São Paulo, é um grande exemplo de recuperação ambiental. Segundo o Portal do Governo Estadual, o local já foi paisagem de entulho, resíduos da construção civil, restos de lixo da Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais do Estado de São Paulo (CEAGESP) e lar precário de 80 famílias. Ainda sobre a restauração, explica que “o processo de implantação resultou na remoção de 500 mil m³ e movimentação de 2 milhões de m³ de entulho e terra para acerto das elevações existentes”. Sob os cuidados da Secretaria do Meio Ambiente (SMA) desde 2004, o Villa-Lobos hoje excede 35 mil árvores com diversidade de mais de 150 espécies, a maioria nativa.

Circuito das árvores, no Parque Villa-Lobos (SP)

“O plantio das primeiras 1.000 mudas de árvores foi sem custos para o Estado, tratando-se de compensação ambiental de uma empresa, com manutenção por 12 meses. Posteriormente outras empresas, voluntariamente plantaram mais 2.000 mudas nativas, com manutenção por 24 meses. Foram realizadas ainda outras ações ambientais, com mutirões voluntários, reunindo adultos e crianças para plantio de 600 árvores de 90 espécies, entre elas cambuci e palmito-juçara, típicas da mata atlântica e ameaçadas de extinção. O parque ainda reservou uma área para o plantio de 50 mudas de pinheiro-brasileiro (Araucaria angustifolia), árvore símbolo do bairro de Alto de Pinheiros, onde está inserido o parque.” – relata a Coordenadoria de Parques e Parcerias (CPP), responsável pela gestão de onze parques estaduais.

Outro exemplo famoso é a revitalização do rio Tâmisa, em Londres, no Reino Unido. O principal rio da capital inglesa já foi chamado de “Grande Fedor” no século XIX, quando atingia o auge de sua poluição, sendo investido um sistema de coleta de esgoto como alternativa do governo no combate às epidemias de cólera e ao mau cheiro. Contudo, o crescimento urbano e a falta de tratamento dos resíduos despejados no rio devolveram o seu aspecto sujo ainda em 1950.

Foi somente com a iniciativa de construir estações de tratamento de esgoto, em 1964, aliada à constante retirada de lixo (cerca de 30 milhões de toneladas semanais) que se tornou possível a restauração ambiental, após quatro décadas de combate à poluição. Hoje, o Tâmisa abriga cerca de 121 espécies de peixes, dentre elas o salmão, que realiza a desova no rio anualmente, além de aves, golfinhos, focas, mais de 400 espécies de invertebrados, inclusive ocorrências de baleias sendo vistas na região.

Focas no rio Tâmisa (Jonathan Kemeys/ZSL)

A China, país responsável pelos maiores índices de poluição do mundo, implantou em 2014 um plano de reflorestamento que já mostrou resultados, aumentando para cerca de 22% a cobertura florestal, em contraste aos 12% apresentados em 1980. Segundo levantamento da Nasa, agência espacial estadunidense, a nação chinesa responde por 25% do aumento da cobertura vegetal do planeta nas últimas duas décadas, sendo hoje o país que mais refloresta no mundo. Em 2018, anunciou o reflorestamento de 6,6 milhões de hectares – o equivalente ao território da Irlanda.

 

De volta ao Brasil, o reflorestamento faz parte do seu compromisso com o Acordo de Paris (2015), tendo como metas “restaurar e reflorestar 12 milhões de hectares de florestas até 2030, para múltiplos usos” e “ampliar a escala de sistemas de manejo sustentável de florestas nativas, por meio de sistemas de georeferenciamento e rastreabilidade aplicáveis ao manejo de florestas nativas, com vistas a desestimular práticas ilegais e insustentáveis”.

Segundo a WRI Brasil (Instituto Internacional de Pesquisas), a nova economia florestal seria a melhor resposta ao desmatamento recorrente no país, recuperando a função ecológica e produtiva das áreas degradadas a partir da restauração de paisagens e florestas. A proposta consiste em “abandonar a abordagem meramente exploratória para um modelo produtivo capaz de conciliar o lucro com a conservação, gerando produtos e serviços ambientais, melhorando a qualidade de vida e o acesso a oportunidades de renda e emprego para as comunidades locais”. O instituto ainda apresenta alternativas sustentáveis para tornar os produtos madeireiros parte da economia em combate ao mercado ilegal, além de conciliar produtos florestais com cultivos agrícolas no modelo agroflorestal.

Essas são soluções e ações que aproximam a humanidade de um estilo de vida sustentável e saudável ao planeta que não tem substituto e nem deve, afinal a tecnologia que cresce a cada dia se torna uma grande aliada no combate à poluição e ao desmatamento. E engana-se aquele que pensa não ser dever do povo e do governo cuidar do meio ambiente, já que o artigo 225 da Constituição Federal afirma que todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao poder público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações”. Seja pelo Acordo de Paris ou pela Constituição, o reflorestamento e a sustentabilidade são alternativas possíveis e rentáveis ao país que é gigante pela própria natureza, mas que insiste em querer crescer sem ela.

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