Música,Rodando na Vitrola

Happier Than Ever: a nova era de Billie Eilish

E finalmente chegou. Em uma sexta-feira, dia 31 de julho, o tão esperado álbum de Billie Eilish foi lançado ao público. No primeiro rodando na vitrola do Saturnando vou comentar um pouco sobre Happier Than Ever, o álbum que marca uma nova era para a cantora. 

Para quem acompanha Billie nas redes sociais, estava ficando clara a mudança no seu estilo: o cabelo, que antes era preto e verde, foi platinado; as correntes e as roupas largas que cobriam a maior parte do corpo, foram substituídas por tendências ainda não vistas pelos fãs, que ficaram particularmente surpresos com a aparição de uma Billie completamente diferente, já loira e de espartilho na capa da revista Vogue.

A capa traria pistas para o que agora sabemos que seriam as cores base para essa nova fase: os marrons, rosas e tons neutros mais suaves revelam um amadurecimento na cantora. Isso também fica claro nas músicas do novo álbum. Na faixa introdutória, “Getting Older”, Billie se mostra disposta a ficar vulnerável quando fala sobre responsabilidade e demonstra gratidão mesmo na ironia da paixão em fazer música se transformar em trabalho e fardo ao mesmo tempo.

“I didn’t change my number” é uma daquelas clássicas músicas de término de relacionamento com elementos de separação e raiva e até algumas referências dos anos 2000. Em “Billie Bossa Nova”, Finneas e Billie trazem uma homenagem ao nosso brasileiríssimo Antonio Carlos Jobim e à nossa Bossa Nova, com uma melodia contagiante e com uma letra que conta a história de um casal misterioso que tenta passar despercebido mesmo com uma vida imersa em paparazzis. Trazendo reflexões pessoais sobre o passado e o futuro da cantora, “my future” já havia sido lançada como single, e fez sucesso com sua transição, de melancólica para uma melodia mais otimista, que retrata muito bem a independência de Billie e a ansiedade para o que há por vir em sua vida.

“Oxytocin” faz referência ao hormônio de mesmo nome, conhecido como “hormônio do amor” e a música segue essa mesma linha mais sensual e cheia de amor pra dar, porém não está entre as minhas preferidas do álbum. Em “GOLDWING”, é utilizada a metáfora que dá nome à música: anjo com asas de ouro, para se referir à uma pessoa pura, inocente, ainda não machucada e traumatizada pela vida (talvez uma Billie mais nova?). “Lost Cause” é dedicada ao ex namorado de Billie, e faz referência aos defeitos do mesmo. Já “Halley’s Comet” é uma música delicada, doce, romântica e inocente sobre se apaixonar.

“Not my responsibility” é um manifesto sobre a posse e o direito que as pessoas acham que tem para opinar sobre Billie e seu corpo e a falta de controle que ela mesma sente que tem sobre tudo isso. Essa impotência é superada e passa uma mensagem poderosa e importante para seus ouvintes: a percepção que os outros possuem ou irão possuir de você não são sua responsabilidade. “Overheated” está conectada com a faixa anterior, tanto na produção quanto no tema, que discute a objetificação de celebridades pela mídia.

Na minha cabeça, “Everybody dies” é a música emo do álbum. Ela traz exatamente o que se espera pelo nome: fala de morte, perda e como tudo tem um fim; isso tudo com a melancolia que Finneas e Billie sabem produzir como ninguém atualmente. “Your Power”, “NDA” e “Therefore I am” também já haviam sido lançadas como singles. Em “Your Power”, a voz angelical de Billie é contraposta por uma letra intensa sobre o desequilíbrio de poder em uma relação e o abuso que ocorre por consequência. “NDA” utiliza o autotune da melhor forma possível, a sonoridade do grito no refrão tem um quê de liberdade, justamente o que segundo a letra, foi sacrificada pela fama. Com a batidinha final de “NDA” ocorre a transição para “Therefore I am”, que é menos séria e possui diversas interpretações. Na minha opinião é só uma música divertida com uma pegada mais “popstar”.

E finalmente, a décima quinta faixa, “Happier Than Ever”, que dá nome ao álbum. Confesso que estava muito ansiosa pra essa, e ela não decepcionou. A letra é quase como um desabafo sobre tantos momentos ruins do relacionamento, e como ela está melhor sozinha. Mas a melodia é o que me surpreendeu. Ela começa como a maioria das músicas da Billie, nada de tão diferente (mas ainda sim muito terapêutico), e na metade, TUDO muda: ouvimos ela cantar como nunca antes, entram bateria, guitarra e efeitos sonoros extasiantes e tudo termina perfeitamente com um solo de guitarra incrível e ouvidos extremamente satisfeitos. E para fechar tudo com chave de ouro, terminamos o álbum com “Male Fantasy”, uma reflexão sobre o fim do relacionamento que soa quase como uma reconciliação com o próprio coração, se perguntando como superar tudo isso.

“Happier Than Ever” é um lindo álbum, o melhor de 2021 até o momento, e merece muita aclamação. Mesmo possuindo algumas faixas que eu pessoalmente deixaria de fora, o segundo álbum de Billie e Finneas conseguiu mostrar evolução, inovando em algumas músicas ao mesmo tempo que conseguem manter a integridade artística. Não vou parar de ouvi-lo tão cedo e acho que falo pelos fãs quando digo que mal posso esperar pelo próximo projeto da dupla.  

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