Por definição, “as Relações Internacionais visam ao estudo sistemático das relações políticas, econômicas e sociais entre diferentes países cujos reflexos transcendam as fronteiras de um Estado, as empresas, tenham como lócus o Sistema Internacional”. Dentre as áreas de atuação, existem três principais: Análise de mercado e riscos; Diplomacia corporativa ou pública; Área de negociação e comércio.
Segundo o Ranking de cursos de graduação 2019, organizado pela Folha de São Paulo, a Universidade de São Paulo (USP) foi a instituição mais bem colocada no ramo. Dentre as instituições privadas, a Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) lidera, alcançando o quarto lugar no ranking geral.
O curso surgiu no Brasil somente em 1969, sendo oferecido pela Universidade de Brasília. Devido à maior demanda de profissionais internacionalistas em surgimento das ONGs (Organizações Não-Governamentais) e ao avanço da globalização, a área se expandiu pelo país, alcançando 103 instituições públicas e privadas em 2016.
Quanto ao ingresso na faculdade, Ana Sordili, estudante do 6º semestre de Relações Internacionais da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), relata sua trajetória como vestibulanda, já decidida de prestar o curso. “Eu desde muito nova tive uma vontade muito grande de fazer minha graduação em universidade pública, então eu fui atrás de faculdades que ofertassem a graduação em Relações Internacionais. A princípio tinha feito os principais vestibulares de São Paulo e também o Enem. Quando saiu a nota do Enem eu fiquei completamente surpreendida porque eu já estava matriculada no cursinho pré-vestibular, já estava certa de que faria mais um ano de preparação para entrar na universidade e, de repente, talvez desse para eu entrar direto. E isso foi uma experiência a parte porque através dele [Enem] consegui passar em duas universidades, na Universidade Federal do ABC (UFABC) e também na UNIFESP”.
Acerca do curso em si, Sordili ainda conta sobre como decidiu, ainda no início do Ensino Médio, seguir essa graduação. “Decidi que eu queria fazer uma graduação em que eu pudesse analisar a sociedade e promover de alguma forma o impacto nela e, a partir dessa ideia, comecei a buscar diversos cursos, analisar grades, enfim, encontrei o curso de relações internacionais. Para mim caiu como uma luva porque é um curso extremamente multidisciplinar e eu sou uma pessoa muito dinâmica que gosta muito de conhecer várias áreas de conhecimento e saber sobre vários assuntos diferentes então ver um curso que envolve política, economia, história, geografia, um monte de coisas, simplesmente me encantou e fez completamente sentido para o que eu esperava”.
A estudante também explica a surpresa com a abordagem predominantemente teórica, relatando a escolha de buscar diversos cursos e programas de extensão para compensar a prática que esperava em sua graduação, em complemento à base sólida e ao suporte da instituição pública. “A carga de leitura é gigantesca. Justamente por termos contato com várias áreas do conhecimento temos que ter uma base e um arcabouço teórico antes”.
Dentre as matérias mais trabalhadas ao longo do curso (tendo por base a UNIFESP), as disciplinas de História, Direito, Teoria das RI e Política se destacam na grade. “Eu jamais imaginei que teria que estudar cálculo e estatística, mas tive”, enfatiza Sordili.
Aos olhos de Leonardo Domingues, graduado em Relações Internacionais pela Universidade Católica de Santos (UNISANTOS), História da Política Externa e Direito Internacional são duas matérias que se sobressaem visando o seu objetivo em concurso público.
Sobre o mercado de trabalho, Domingues ressalta a importância de buscar qualificações externas ao curso, já direcionadas à área de atuação desejada. “Hoje, estando formado e vendo amigos, digo que o ideal é um curso paralelo (Direito, Comércio Exterior, Logística…), pois o salário inicial na área é baixo, não chega a dois salários mínimos. Tendo uma especificação, ou um conhecimento a mais, a entrada no mercado de trabalho fica facilitada, já que você entra direcionado para aquela área”.
O bacharel ainda descreve as características essenciais para um bom profissional da área, destacando a importância da aptidão para a leitura. “Gostar de ler, pois são textos pesados, com leituras complicadas, sendo a maioria em língua estrangeira”.
Aliás, o curso faz jus ao nome quanto ao quesito internacional. Segundo Domingues, a necessidade de um quarto ou quinto idioma é alta, relatando a ocorrência de aulas de inglês, espanhol e francês durante todos os anos de graduação. “Inglês e espanhol são os básicos. O francês é útil, pois a maioria dos textos sobre diplomacia são em francês. A quarta língua vai depender do caminho que pretende seguir. Na minha sala tinha gente que se aperfeiçoou em francês para seguir na área acadêmica e diplomática, mas tinha estudantes de mandarim, russo, italiano e alemão”.
E aos vestibulandos e demais estudantes que estejam considerando o curso de Relações Internacionais, Domingues deixa um conselho. “Siga essa área se realmente tiver paixão por estudar história, política, filosofia… O ingresso no mercado de trabalho é complicado, mas os frutos dentro de 3 a 4 anos são altos. Tenho amigos que trabalham hoje (5 anos após a formatura) ganhando de 15 a 20 mil”.
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