Cursar ou não cursar

Cursar ou não cursar, eis o Direito

Por definição, “o Direito é a ciência que cuida da aplicação e do cumprimento das normas jurídicas de um país para organizar e manter um bom relacionamento interpessoal entre os grupos e indivíduos da sociedade”. Dentre as áreas de atuação, estão entre as mais comuns: direito civil, empresarial, constitucional, administrativo, processual civil, penal, processual penal, tributário, trabalhista, ambiental e direitos humanos.

Segundo o Ranking de cursos de graduação 2019, organizado pela Folha de São Paulo, a Universidade de São Paulo (USP) foi a instituição mais bem colocada no ramo. Dentre as instituições privadas, a Fundação Getúlio Vargas (FGV-SP) lidera, alcançando o terceiro lugar no ranking geral.

O curso foi introduzido no mundo ainda em 1150 (não, você não leu errado), pela Universidade de Bolonha (Università di Bologna), na Itália. O Direito chegou ao Brasil somente em 1827, durante o regime de Dom Pedro I, sendo pioneiras a Universidade de São Paulo (USP) e a Universidade de Pernambuco (UPE). Contudo, foi apenas em 1902 que Maria Augusta Saraiva se formou bacharel em Direito, pela USP, sendo a primeira mulher a alcançar esse mérito, marcando seu pioneirismo também no Tribunal do Júri.

Segundo o Censo de Educação Superior, entre 2009 e 2016, houve um crescimento de mais de 32% na procura do curso, sendo o mais buscado por entre os estudantes atualmente. Dentre as razões, encontra-se o aumento dos casos de corrupção e Lava Jato na mídia nos últimos anos.

Pedro Sobolewski (Arquivo pessoal)

Para Pedro Sobolewski, estudante do 2º semestre de Direito da Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM), esse foi um grande incentivo para a escolha de sua carreira profissional. “Confesso que no primeiro momento não possuía a certeza de cursar o Direito, porém sempre me importei principalmente com a situação das leis, que deveriam ser para todos, funcionar de forma incisiva para poucos e de forma injusta para muitos. Acredito que a nova geração, que somos nós, futuros juristas, deve dar um basta na velha política, atrelada de corrupção e crimes pesadíssimos que, hoje em dia, não possui uma justiça. […] Acho que por esse motivo, com a intenção de mudar o país e o mundo, que escolhi o Direito”.

Sobre o processo de ingresso na universidade, Sobolewski descreve como se preparou para o vestibular da UPM, ainda no último ano do Ensino Médio. “Entrar na faculdade demandou além do estudo, com a execução de diversos simulados de anos anteriores para entrar sem cursinho. Quando prestei, deveria responder sobre todas as disciplinas, diferenciando o grau de “importância” por pesos”. E salienta: “estudar o curso de Direito demanda muita leitura e interpretação, o que precisa ser feito diariamente, porém não de forma desumana. É possível conciliar a vida social e a estudantil”.

Eduardo Manetta (Arquivo pessoal)

Por outro lado, para o estudante do 5º semestre das Faculdades Metropolitanas Unidas (FMU), Eduardo Manetta, suas aspirações ao curso vieram por incentivo da família. “O meu tio é advogado e eu frequentava muito o escritório dele. Passando as férias em Duartina [interior de São Paulo], fui com meu primo, que também é advogado, assistir a uma série de audiências. Ali, foi onde eu me apaixonei”.

Manetta explica a abordagem do curso ainda no começo da graduação, destacando a base teórica e prática na grade. “Embora a maior parte da matéria dos dois primeiros semestres seja puramente teórica, eu tive Direito penal já logo de cara nos dois primeiros semestres e o penal é pura prática. Então, eu entrei na FMU aprendendo sobre crime impossível, parricídio […]. As matérias que eles abordam com mais profundidade são Direito penal e Direito civil, pelo menos até o momento”. Ainda sobre a grade, o estudante deixa um aviso. “Aliás, estudantes de direito que acham que vão entrar e não vão ver matemática, eles se desiludem ali porque o cálculo de pena é pura regra de três”.

Roberto Maluf (Arquivo pessoal)

Já o advogado Roberto Maluf, atuante na área do direito administrativo e graduado na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), relata que sua escolha profissional começou cedo, mas pelos motivos errados. “Eu queria cursar pensando em exercer uma carreira no direito penal, tal como mostram nos filmes, mas, já dentro do curso, percebi a diferença entre a arte e a vida real e, felizmente, me encontrei em outra área do direito”.

Sobre as qualificações para adentrar o mercado de trabalho, Maluf explica que a faculdade concede boas ferramentas, ainda que o mercado jurídico esteja, até certo ponto, saturado. “O direito é uma área muito arcaica e conservadora com certas práticas, de modo que qualificações como conhecimento de tecnologia (não só ter o ‘pacote office completo’, mas saber lidar com dados e outros sistemas, linguagem de programação) serão cada vez mais necessárias, apesar de não as aprendermos na faculdade”.

O advogado ainda destaca a importância da leitura como característica da profissão, mas revela que não é algo simples, considerando os textos que são trabalhados. “Acho que a leitura é imprescindível, mas creio que a capacidade de raciocínio crítico seja tão importante quanto, ou até mais. Ler textos e ideias autônomos e, a partir deles, construir um raciocínio próprio é essencial não apenas para elaborar um argumento ou um documento jurídico completo, mas até mesmo para formar a própria opinião sobre o tema. Fora isso, a comunicação, a capacidade de se relacionar bem com pessoas, ouvir os problemas e pensar em soluções são todas características essenciais.

Acerca da necessidade de falar outros idiomas, Maluf aborda que há diferentes requisitos dependendo da área, tipo de trabalho realizado e quanto ao material em contato. “Há áreas que o uso de outros idiomas é mínimo e pode ser suprido com o uso de tecnologias de tradução de fácil acesso. Porém, outras áreas exigirão conhecimento completo de um idioma, ou até mais de um em alguns casos. Se você tem pretensões acadêmicas, certamente terá contato com literaturas de outros países, o que exige um domínio maior de outros idiomas para sempre estar atualizado sobre o assunto que estuda”.

Como de costume, aos vestibulandos e demais estudantes que pretendem cursar Direito, Maluf deixa um conselho. “Cursar direito não tem nada daquele romantismo e daquela nobreza que às vezes nos são passados na hora do vestibular – e que muitas vezes são equivocadamente reforçados durante o curso em si. Mesmo as conhecidas carreiras de juiz, promotor e advogado são apenas parte das possibilidades que o curso oferece. Por isso acho que o melhor conselho àqueles que pensam cursar o direito é conversar sobre suas motivações, desejos e ambições com aqueles que estão mais bem informados, pois vivem esse dia a dia: estudantes e professores”.

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2 comentários

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