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Recomendado do Mês: Lucy Dacus

A Recomendada do Mês é Lucy Dacus, artista indie estadunidense associada com nomes grandes como Phoebe Bridgers, e que tem quase 2 milhões de ouvintes no Spotify, três álbuns autorais e compõe o trio boygenius, ao lado de Bridgers e Julien Baker. Seu som é bem diferente em cada álbum, mas todos são marcados por uma característica: sua capacidade de contar histórias extremamente específicas e incrivelmente reais nas suas músicas.

As canções no seu mais novo álbum, Home Video, são marcadas fortemente por essa forma de storytelling, que mesmo não refletindo a experiência do ouvinte o imerge totalmente nos seus cenários e personagens sem perder o ritmo da música. Tentando entender como Dacus atingia esse feito, passei a ouvir as músicas com mais atenção e notei muito o uso de “you” (você) e “your” (seu/sua), além do uso de nomes de pessoas e criação de ambientes ultrarrealistas. Night Shift, a canção mais ouvida de Dacus no Spotify, e a primeira que eu escutei da artista, tem essas características de forma intensa. A primeira frase “a primeira vez que provei a saliva de outra pessoa” já introduz a ideia de que a canção é direcionada para alguém, o que é confirmado logo em seguida quando Dacus canta “sem querei chamei eles pelo seu nome”. Essa estrutura de trazer situações específicas para letras intensas e emotivas se repete muito no seu trabalho, como em VBS, Hot and Heavy e Addictions.

O destaque da capacidade de criar histórias e gerar emoção está em Thumbs, que é uma das canções mais fortes e mais pesadas da cantora. A faixa de 4 minutos conta a história de Lucy e uma amiga (sem nome, sem características) que vão encontrar o pai da amiga, que não a via há anos – “ele não te via desde o quinto ano, agora você tem 19 anos e mede 1,72”. A canção foca nos vocais de Dacus, acompanhada por sons de instrumental leves, que levam o ouvinte a se imergir na história. O personagem que narra a história sente um desgosto e rancor do pai da amiga, se dizendo capaz de fazer tudo pela amiga, como esmagar os olhos do pai com os dedões (verso do qual vem o título). Apesar de trazer cenas violência, a faixa lembra mais uma carta direta à amiga do eu lírico do que uma ameaça, o que a deixa tão bonita e sentimental.

As demais músicas de Lucy Dacus evocam o sentimento de juventude (em Timefighter e The Shell), pertencimento (Nonbeliever), contentamento (Next of Kin) e amores (First Time, Christine e Partner in Crime). Dacus tem um talento gigante para contar suas histórias e experiências de uma forma em que se aplicam a qualquer ouvinte, o que leva seu público a ser tão devoto às suas músicas. Dacus tem vocais gravados idênticos às suas performances ao vivo. Recomendo o mini show da rádio KEXP, de 2020, onde ela canta My Mother and I ao lado de sua mãe, além de outras três canções. Ainda que não tenha status de popstar, Lucy Dacus com certeza tem uma das capacidades de escrita musical mais fortes da indústria, aparecendo na lista de melhores músicas de 2021 da Rolling Stone. Você já conferiu as músicas de Lucy? Deixe abaixo sua opinião!

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